PENSAMENTOS, DEVANEIOS E INQUIETAÇÕES

CRÔNICAS DO COTIDIANO, DO PONTO DE VISTA FEMININO,ARTÍSTICO, FILOSÓFICO, EMOCIONAL E SOCIOLÓGICO.

QUEM SOU EU...

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São Paulo, SP, Brazil
SOCIÓLOGA,HISTORIADORA, EDUCADORA E ARTISTA PLÁSTICA. Sou buscadora e curiosa por natureza. Sou bruxa, sem poções e crendices infundadas, observo e me integro à terra e aos seus movimentos. Amo a vida, os animais, plantas e a natureza. Solitária por vocação, pois nela busco forças e encontro repouso. Avessa aos ritos impostos e às convenções sociais, procuro a minha verdade. Sou arisca e desprezo dogmas, eles são a perdição da humanidade. Sou humana e falível. Busco o melhor de cada crença. deletando as manipulações. Amo o silêncio, a força da natureza e o equilíbrio cósmico, acho que sou inqualificável... Sou real e palpável, mas também sei ser etérea e indecifrável, se me convier. Amo o conhecimento, o mistério, as brumas da sensibilidade. Se quiser me conhecer melhor, siga-me...

BEM VINDOS!!!!!!

Sintam se à vontade nesse pequeno espaço onde compartilho minhas idéias, pensamentos, denuncio injustiças, lanço questionamentos, principalmente em relação ao universo feminino e toda a sua complexidade.
Minhas postagens são resultados de pesquisas na internet, caso houver algum artigo sem os devidos crédito, por favor me notifiquem para que eu possa corrigir uma eventual falta.
Obrigada por sua visita.

06 junho, 2010

CASAMENTO-UMA HISTÓRIA DE ENCONTROS E DESENCONTROS





Casamento do faraó Menkaura com sua irmã Khamerenebti II
O Casamento sempre esteve ligado a uma história feliz e romântica.
Quem vai casar partilha alegremente a notícia à família, amigos e aos mais próximos.
Organiza uma festa à escala do gosto e possibilidades e simultaneamente firma-se um contrato.
Com o passar dos tempos o casamento foi envolvendo aspectos jurídicos, religiosos , sociais, afectivos e tambem mundanos, sendo portanto uma celebração muito completa,
rica de avaliações.
Os costumes são inventados ou seguem tradições. O casamento é tambem ele um costume que tem um pouco de ambas as coisas.Seguem-se mitos e ritos mas vão-se sempre acrescentando novidades. Para isso devemos estar preparados.

A sua história tem evoluido ao longo dos tempos conforme costumes, estéticas e éticas dos diferentes países e culturas.
Afrodite, deusa protectora dos casamentos


Na Civilização ocidental, nos tempos primordiais a vida passava-se em público. A noção de privacidade que hoje existe, chegou mais tarde. No que respeita ao Casamento, a benção do leito núpcial era costume. Vinha o povo visitar os noivos na noite de núpcias, já deitados, e à volta deles fazia grande algazarra, ritual que não escandalizava o povo. Havia vários direitos sobre a intimidade do casal.
As Bodas de Canãa - Veronese
Nesse tempo era outra a noção de privacidade. Todos viviam juntos, as casas eram lugares públicos, as portas estavam abertas à indiscrição das visitas, enfim a noção de família era diferente de hoje.
Os Esponsais da Virgem - Rafael

Foi nos meados do século XVIII para XIX o sentimento familiar mudou. A sociabilidade e a diferença entre privado e público, passou a alargar-se a todas as classes para alem dos aristocratas e burgueses.A Família passou a ser mais do que era nos tempos em que só contava a realidade material, transmissora de património e tambem de nome.

O rapto das Sabinas - Jean-Louis David

Surgiu o sentimento de familia que chegou até hoje , vigorando laços de intimidade e privacidade alem de desejo de conforto. Assim foi transmitido pela educação uma nova ética, com influência do cristianismo. Família e sociabilidade deixaram de coincidir.

Se remontarmos a tempos muito antigos saberemos que os casamentos das famílias influentes no Egipto eram feitos, se necessário com familiares próximos , nomeadamente irmãs, que se transformavam em esposas ou concubinas para manter heranças do Trono, como no caso dos faraós. O incesto não era questão.
John of Gaunt e Dom João I negociando o casamento de Filipa de Lancaster com o Rei de Portugal em Ponte de Mouro, Monção
Casamento de Filipa de Lancaster com Dom João I de Portugal na Sé do Porto

Na Grécia Antiga, os pais combinavam os casamentos das crianças de 1 e 13 anos. Faziam-se celebrações à deusa Afrodite, em altares em que os noivos eram coroados com folhas de loureiro. As mulheres tinham um papel social muito restrito
A aristocracia romana por sua vez tinha costumes como por exemplo, os maridos cederem as suas mulhres a hóspedes e amigos íntimos como forma de honraria.

Romântico enlace de Abelardo e Heloísa - Jean Vignaud
Havia diferentes formas de consumar o matrimónio dos filhos que muitas vezes não eram naturais mas adoptados, era pela coabitação durante um ano e um dia, o que se chamava Usus, por contrato de união de património , com rituais de celebração aos deuses e tambem por rapto.
Após a cristianização no Império Romano e na época medieval que se seguiu, os filhos eram levados a casar por escolhas e acordos entre os pais, sem consentimento dos nubentes.

Casamento dos Arnolfini - Van Dyck


O casamento por amor é uma conquista do século XVIII. Surge então o sonho do amor romântico que antes não era tido em consideração, assim se sabe através dos livros embora tenha sido de facto no séculoXII em França nos tempos da Cavalaria que se popularizou o amor cortês, no seio dos domínios feudais. Esse sentimento amoroso e até poético , do culto divinizado da mulher, foi difundido pelos Cruzados provenientes de França, nas sua digressões, influenciando as diferentes realidades sociais da Europa por onde andaram mas foi apenas um começo. Só mais tarde o amor se tornou um sentimento corrente e reconhecido.

Papa Nicolau I

O Papa Nicolau I, ainda em tempos mais remotos , no século IX, terá decidido que no matrimóniodevia have o consentimento dos jovens . Foi um triunfo e um avanço na época embora na prática os casamentos não tivessem deixado de ser um instrumento de poder das famílias reais e burguesas que os negociavam a seu belo prazer através da união dos filhos.

Henrique VIII de Inglaterra e suas mulheres

No século XVI as teses do protestantismo defendidas por Lutero levaram a polémica a debate sobre a jurisdição que a Igreja tinha sobre o casamento . Nessa altura se separaram cristãos católicos de cristãos protestantes. Para muitos europeus que deixaram de obedecer ao Papa, o casamento não foi mais um Sacramento mas um acto civil, a Igreja apenas faria o acompanhamento espiritual do casal. O caso histórico de Henrique VIII e seus divórcios, é deste facto um marco histórico.

Primeiro Código Civil

No século XVIII a Revolução Francesa secularizou o casamento em França, em nome da liberdade. O casamento passou assim a ser um contrato com direitos e deveres, celebrado na presença dum funcionário público em lugar dum sacerdote.

Noivado de Dom Carlos I de Portugal e Amélia de Orleans, Cannes, 1862

No século XIX , o Código Civil surgiu ocupando-se do Direito da Família. As relações entre o Estado e a Igreja foram objecto dum documento regulador , a Concordata.O Concílio Vaticano II, concluido nos anos 60 do século XX, reforça o casamento católico como um Sacramento, portanto uma união indissoluvel. A indissolubilidade do casamento marca a Igreja Católica que determina que tudo o que Deus uniu o Homem não separa.
Casar é hoje um acto de conformidade social que se obtem por meio de uma licença legal, criada para ser ter filhos com honorabilidade, dentro da legalidade, no caso dos haver.
A cerimónia religiosa não dispensa o acto civil na Conservatória.
Para a Doutrina Social da Igreja, o casamento é o fundamento da Família.
Apesar da indissolubildade deste, muitos são os que se divorciam da parte civil, podendo voltar a casar-se neste mesmo regime sendo este considerado a parte contratual. Admitido por alguns que o casamento é amar por contrato foi todavia o que de melhor se inventou para expandir a função da reprodução, trazendo a segurança e cumplicidade necessárias.

Neste breve olhar sobre a história do casamento ao longo dos tempos, as principais mudanças de hoje devem-se ao novo papel da mulher na sociedade que apartir dos anos 60 do século XX passou a partilhar com o homem o fardo conjugal, sendo uma espécie de sócia. Todavia é ela que tem a propriedade do mecanismo da reprodução. Por mais modelos familiares que surjam, dela dependerá sempre a continuidade da espécie, o que lhe dá maior responsabilidade.

Muitas referências se perderam mas a pressão dos símbolos, das ritualizações, a oficialização dos actos continua a ter adeptos.

Para os filhos, o casamento, seja qual for a ideologia ou religião é uma garantia de equilibrio pelo que é uma necessidade.
O modelo familiar reproduz-se para os que têm filhos e para a sociedade em que se integram. A função é reproduzir o modelo.
O casamento é uma relação estável e promotora de estabilidade pois é a declaração pública de compromisso
As condições de nascimento determinam a história das gerações. Os filhos são refens do cenário que os pais proporcionam e mais tarde serão seus actores involuntários no papel que aprenderam. Existe uma pressão social para ritualizar as relações para validar a existência dos filhos, o que oficilizou os actos.

As evoluções científicas e tecnológicas causaram impacto na noção de futuro. A globalização atingiu os conceitos de sexualidade, casamento e família.



A família tradicional pode estar ameaçada de mudança pela ruptura com o passado mais recente sobretudo devido à ideia de tolerância em relação a outras emergentes noções de família e tambem pelos novos modelos de quotidiano exibidos pelos Media.
Instalou-se a ideia de risco sendo o futuro uma ameaça. Faz lembrar a ideia de destino mágico dos antigos. Será uma nova fonte de energia e riqueza?
Perante as novas identidades perderam-se valores culturais e tradicionalmente conquistados.
Deixará de se confiar na tradição e na religião?

Casamento de Diana com o Príncipe de Gales

A tradição é uma espécie de verdade, um marco de acção de que o mundo não se libertará pois ela é necessária à continuidade da vida.
Casamento e Familia abandonaram os vínculos da tradição e entraram na insegurança de um novo ambiente moral esquecendo muitas vazes que as relações humanas se baseiam em dar e receber, e o casamento não pode escapar a essa lógica
Assiste-se a novas tendências, novos riscos, filosofias de vida. Mas a tradição pode ser o motor de uma espécie de verdade, uma base de acção, uma continuidade do sagrado. Podemos viver num mundo em que nada seja sagrado? O sagrado dá estabilidade. Os costumes ou se retomam ou se inventam.

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