PENSAMENTOS, DEVANEIOS E INQUIETAÇÕES

CRÔNICAS DO COTIDIANO, DO PONTO DE VISTA FEMININO,ARTÍSTICO, FILOSÓFICO, EMOCIONAL E SOCIOLÓGICO.

QUEM SOU EU...

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São Paulo, SP, Brazil
SOCIÓLOGA,HISTORIADORA, EDUCADORA E ARTISTA PLÁSTICA. Sou buscadora e curiosa por natureza. Sou bruxa, sem poções e crendices infundadas, observo e me integro à terra e aos seus movimentos. Amo a vida, os animais, plantas e a natureza. Solitária por vocação, pois nela busco forças e encontro repouso. Avessa aos ritos impostos e às convenções sociais, procuro a minha verdade. Sou arisca e desprezo dogmas, eles são a perdição da humanidade. Sou humana e falível. Busco o melhor de cada crença. deletando as manipulações. Amo o silêncio, a força da natureza e o equilíbrio cósmico, acho que sou inqualificável... Sou real e palpável, mas também sei ser etérea e indecifrável, se me convier. Amo o conhecimento, o mistério, as brumas da sensibilidade. Se quiser me conhecer melhor, siga-me...

BEM VINDOS!!!!!!

Sintam se à vontade nesse pequeno espaço onde compartilho minhas idéias, pensamentos, denuncio injustiças, lanço questionamentos, principalmente em relação ao universo feminino e toda a sua complexidade.
Minhas postagens são resultados de pesquisas na internet, caso houver algum artigo sem os devidos crédito, por favor me notifiquem para que eu possa corrigir uma eventual falta.
Obrigada por sua visita.

29 maio, 2010

SAGRADAS E PROFANAS



O tema prostituição sempre foi polêmico e provavelmente nunca deixará de sê-lo. A despeito de tudo isso, é possível abordá-lo como um fenômeno social. Aqui, por enquanto, nos preocuparemos em discutir a prostituição sagrada e falar um pouco das Grandes Deusas do "passado".


Primeiro é importante que se diga: a prostituição já foi considerada sagrada, segundo alguns historiadores. E o que surpreende nela, segundo Maffesoli, era sua “função agregativa”, ou seja, a capacidade de “juntar” o grupo, de promover a coesão. Além de fortalecer os laços das comunidades antigas, sob uma aura de misticismo (ou de um “orgiasmo sagrado”). Tudo em torno da crença nas Grandes Deusas.

Nesse sentido, o sexo e a espiritualidade comungariam em benefício de um projeto da comunidade.
Evidencia, ainda, o referido sociólogo francês uma função primordial daprostituição sagrada, tal seja: “ser tudo para todos”, dar-se ao conjunto integralmente (o que é característica fundamental de uma divindade e de suas representantes).

Mas, precisamos, antes de mais nada, encarar a polêmica sobre a existência ou não de uma 
Era matriarcal. Uma suposta época em que a mulher detinha (ou compartilhava) a hegemonia política e o poder religioso, sem nenhuma supremacia do homem.

Nessa sociedade idílica, defendem alguns autores, não haveria guerra nem violência sistemática. Nela, se festejava a vida em cultos silvestres (e agrários) para homenagear a deusa natureza e sua força criadora (a fonte da vida: como é o caso da 
Vênus do paleolítico). Notem que por sí só a mulher é símbolo da vida. É ela que gera e dá a luz. Por isso, sua associação com as divindades geradoras.





Claro que há uma idealização bem evidente nesse pensamento. Mas, assim são construídos os nossos mitos, inclusive os cristãos. (Estamos a usar o termo “mito” no sentido de verdades profundas, embelezadas com metáforas, poesias e simbolismos).

Pois bem. Segundo Rose Muraro, essas sociedades teriam florescido em várias regiões há pelo menos 30.000 a.C. A historiadora faz ainda referência à introdução de um novo modo de produção, o agrícola (em torno de 10.000 a.C) e o estabelecimento da cultura das cidades, tudo isso com estreita relação ao matriarcado.

Era o Tempo das Grandes Deusas, cujo declínio teria acontecido especialmente a partir de 4.000 a.C. Motivadas por invasões de povos guerreiros advindos dos estepes, os quais teriam “introduzido o machismo, a cultura da guerra e a sociedade patriarcal”.

É nesse declínio que se daria o surgimento das religiões abraâmicas (o judaísmo, o islamismo e o cristianismo). Ora, os textos bíblicos mais antigos datam em torno do século V ao I a.C. e em muitos deles há uma mensagem patriarcal bem forte e às vezes não tão amigável à mulher.

O Gênese é prova disso. Não é à toa que “a mulher aparece como duplamente culpada pela queda humana”, pelo menos segundo uma leitura mais tradicional. Além disso, no mito adâmico, a serpente aparece como símbolo do mal. Mas a serpente era símbolo de sabedoria e de regeneração para as Grandes Deusas. Talvez, por isso, a tentativa de trazê-lo para o "lado" do mal.

Quanto ao cristianismo, importante comentar que a Virgem Maria, talvez, não possa ser considerada como uma representação da Grande Deusa. Penso próximo à visão de Ana Maria Mendes. Para ela, enquanto a "Grande Deusa é quem propiciava vida e a morte, sendo a deusa da terra e das forças telúricas. A Virgem Maria é a Deusa dos Céus que sendo Virgemdeu à luz o filho de Deus". Apesar de encontarmos algumas semelhanças entre a Virgem Maria, Ísis EgípciaDevaqui, entre outras, inclusive quanto ao nascimento virginal de seus filhos.

Mas não entraremos nessa controvérsia, importa-nos examinar, nesse momento, a vida nos Templos erguidos para adoração das Deusas. Eram nesse lugares sagrados nos quais as suas sacerdotisas ofereciam serviços sexuais (pagos). As taxas serviam como uma espécie de oferenda às deusas. Um tributo aos seus “favores sexuais” de conotação divina.

Na Suméria (Oriente Médio), por exemplo, as sacerdotisas da Deusa Inanna, mais tarde chamada de Ishtar, na Mesopotâmia, cultivavam o ritual da prostituição “como forma de ajudar aqueles que procuravam o templo para reencontrar-se, morrer para renascer e dar um novo sentido a vida”.

A própria Ishtar, “a benfazeja”, foi identificada como uma prostituta. E mais: sendo as prostitutas-sacerdotisas membros do templo, considerado centro religioso, político e econômico na Mesopotâmia, o status de prostituta era bastante elevado.

Não esqueçamos que no próprio código de Hamurabi, os direitos da prostituta sagrada eram protegidos. “Seus filhos não eram difamados e elas preservavam a reputação de mulher casada”.

Um dos primeiros poemas mais antigos que se tem notícia no mundo, o
Épico de Gilgamesh (em torno de 2.000 a.C), fala da prostituição de uma forma sagrada, bem como exalta seu poder civilizador.

Poderíamos ir multiplicando os exemplos. Mas não podemos deixar, por último, de citar a tentativa da Igreja, no passado, de associar Maria Madalena a figura de uma prostituta (arrependida). E Lot que “oferece suas filhas “virgens” aos habitantes de Sodoma em troca de deixarem em paz os estrangeiros que acolheu em casa (Gênese 19,6)”.
Mas voltemos ao nosso percurso. Os homens buscavam os templos para melhorar as colheitas, os rebanhos, para chover mais (“a chuva fecundadora”). E até para receberem as bênçãos e a graça das deusas visando engravidar suas esposas.

Segundo a historiadora Nickie Roberts, essas mulheres foram consideradas a encarnação terrena da deusa. Eram o “elo vital entre a comunidade e a sua divindade, e isso elas fizeram como sacerdotisas xamânticas”. As Vênus, por exemplo, representam a fertilidade.

Não havia a famosa dualidade neoplatônica tão cara ao cristianismo, ou seja, não havia um distanciamento fundamental entre o espiritual e do sexual. Carne e espírito comungavam com certa harmonia, como parte da natureza. Por isso, tantos rituais de celebração a fertilidade nas mais diversas religiões e mitologias.

Marie Louise von Franz fala-nos das religiões pagãs, originárias dos germânicos e dos celtas, nas quais se cultuavam à Mãe Terra e a outras deusas da natureza. Em muitas dessas festas haveria a prática de orgias sexuais com uma aura de sacralidade. Os carnavais têm muito haver com essas celebrações. E as máscaras venezianas têm certa relação com a vontade de perde-se no todo, abandonando a individualidade.

Por isso, para alguns autores a prostituição sagrada era uma forma de atingir a espiritualidade através da carne. Nesse sentido, Débora F. Lerrer, em seu artigo
 Sexo Sagrado, nos afirma: “A prostituta sagrada encarnava a deusa, tornando-se responsável pela felicidade sexual”.

Do mesmo modo, os ritos secretos, ligados a tradições pagãs deixaram vestígios da existência de rituais sexuais, como 
Mistérios de Eleusis, dedicado à deusa Deméter, na Grécia. E ritos outros que se espalharam pela Europa. Todos com a característica de "transcender o indivíduo", como se "o prazer entrasse na esfera da vida cósmica".
Mais curioso ainda é que não só as sacerdotisas arrecadavam tributos para o templo. No culto à Deusa Milita, na Babilônia, por exemplo, pelo menos uma vez na vida todas as mulheres migravam à porta do templo e ofereciam serviços sexuais.
O dinheiro era, então, doado ao templo, como oferenda. Uma taxa dita como justa e devida à Deusa. Detalhe: nenhuma mulher poderia se negar a prestar o serviço.

Na Idade Média as francesas de Savóia, uma vez por ano, se reuniam para visitarem tabernas e se encontrarem com outros homens, com o consentimento dos respectivos maridos. A despeito da questão do pagamento, tal comportamento parece ser uma recorrência da época da prostituição sagrada e dos cultos da fertilidade.
Vejam que por trás do tema “prostituição sagrada” há uma boa discussão sobre sexualidade e religião. E mais: denota a força do patriarcalismo, embasada nos credos judaicos, cristãos e islâmicos, e seu controle sobre a sexualidade das mulheres.

SEXO SAGRADO

PROSTITUIÇÃO SAGRADA

Historicamente, sexo e espiritualidade foram parceiros de cama complicados - enquanto algumas religiões da antigüidade incluíam a sexualidade em seus ritos, outras procuravam controlá-la, tanto pela supressão ou por severas limitações de sua expressão. A maioria das religiões dominantes no mundo hoje prega a sublimação das necessidades sexuais ou sua canalização para formas socialmente aceitáveis, como o casamento.
Na contra mão dessa tendência de limitar a alma à igreja e a carne à cama, a sexualidade sagrada é uma forma de espiritualidade que vê sexo como um meio de experimentar a comunhão com o divino. O sexo sagrado aproveita o poder da sexualidade com o objetivo de acelerar a transformação pessoal e intensificar o crescimento espiritual.
Várias tradições antigas incluíram a sexualidade em ritos religiosos. Por volta de 3.000 a.C., os Sumérios encenavam ritualmente o Casamento Sagrado - a união entre uma sacerdotisa de sua deusa Inanna e um sacerdote-príncipe, como um meio de obter favores da deusa para suas cidades. Na Grécia, esse tipo de sexo ritual teve continuidade e era chamado de hiero gamos, que consiste na tradicional reconstituição do casamento da deusa do amor e da fertilidade com seu amante, o jovem e viril deus da vegetação. Várias fontes antigas sugerem que este tipo de prática também deveria fazer parte dos Mistérios de Eleusis, dedicado à deusa Deméter. Há evidências de que este rito também fosse praticado pelos Egípcios no culto da Ísis e ele tenha permanecido até a era Romana.

Prostituição Sagrada
Na Antiguidade, em várias civilizações do Oriente Médio também era comum a prática da prostituição sagrada, pela qual os homens visitavam templos, onde tinham relações sexuais com o objetivo de comungar com uma deusa particular. Por esta concepção a prostituta sagrada encarnava a deusa, tornando-se responsável pela felicidade sexual, "a veia através da qual os rudes instintos animais são transformados em amor e na arte de fazer amor", explica Nancy Qualls-Corbett, autora do livro "A prostituta sagrada", da Editora Paulus.
Nesse período em que existia a prostituição sagrada, as culturas constituíram-se sobre um sistema matriarcal que, muito mais do que mulheres em cargos de autoridade, significava um foco em valores culturais diferentes.
"Onde o patriarcado estabelece lei, o matriarcado estabelece costume; onde o patriarcado estabelece o poder militar, o matriarcado estabelece autoridade religiosa; onde o patriarcado encoraja a aretheia (valor, virtude, coragem) do guerreiro individual, o matriarcado encoraja a coesão do coletivo, algo que tem a ver com a tradição". (William Thompson, The Time Falling Bodies Take to Light)
Em outras palavras, o que diferencia matriarcado de patriarcado não é fato de que o poder esta na mão da mulher ou do homem, e sim uma diferente atitude.
De acordo com Nancy Qualls-Corbet, em matriarcados antigos a natureza e a fertilidade consistiam no âmago da existência. Suas divindades comandavam o destino, proporcionando ou negando abundância à terra. Desejo e resposta sexual, vivenciados como poder regenerativo, eram reconhecidos como dádiva ou bênção do divino. A natureza sexual do homem e da mulher era inseparável de sua atitude religiosa. Em seus louvores de agradecimento, ou em suas súplicas, eles ofereciam o ato sexual à deusa, reverenciada pelo amor e pela paixão. Tratava-se de ato honroso e respeitoso, que agradava tanto ao divino quanto ao mortal. A prática da prostituição sagrada surgiu dentro desse sistema religioso matriarcal e, por conseguinte, não fez separação entre sexualidade e espiritualidade.
De acordo com Heródoto, historiador grego do século III a.C., era costume babilônico que toda a mulher virgem perdesse sua virgindade no templo do amor e tivesse relações sexuais com estranhos. Não importava a quantia de dinheiro, ela nunca recusaria, pois isso é que seria pecado. Segundo ele, as mulheres altas e belas logo ficavam livres para partir, mas as feias tinham que esperar muito tempo, podendo chegar a três ou quatro anos. Todo dinheiro e o ato em si eram dedicados à deusa, e portanto, considerados santos. Para a mulher, esse ato não representava a desonra, era motivo de orgulho. Em outras localidades, tal honra só era alcançada pelas mais nobres de estirpe. O ato sexual com estranhos consagrado à deusa era considerado purificador. Mais tarde, até as matronas romanas, da mais alta aristocracia, vinham ao templo de Juno Sospita para entrar no ato da prostituição sagrada quando era necessária uma revelação.
No Egito, as deusas Hátor e Bastet eram adoradas como deusas da fertilidade. Freqüentemente são representadas nuas, acompanhadas por um coro de mulheres dançantes. No tempo das grandes festas, as mulheres permaneciam a serviço da deidade. Tendo cumprido suas obrigações na noite do ritual, elas voltavam a suas casas para reassumirem sua vida diária.
Em Hierápolis, no Líbano, a moderna Baalbek, matrona, bem como virgens, prostituíam-se a serviço da deusa Atar. Em alguns casos, mulheres que não desejavam levar vida casta, nem casar, passavam a morar nos recintos do templo. Eram elas as Virgens Vestais. Elas serviam à deusa grega ou romana Héstia ou Vesta, como encarregadas do fogo das lareira. Tinham como propósito trazer o poder fertilizante da deusa para o contato efetivo com as vidas dos seres humanos.
Em outros casos, o caminho da mulher à prostituição sagrada realizava-se através da sujeição ao conquistador guerreiro. Ramsés III atesta esse fato nos relatos de inscrição de prisioneiros que fez na guerra da Síria. Os homens foram levados para um "depósito", e suas mulheres foram feitas súditas do templo.
Independentemente de virem ao templo do amor por determinação da lei, por dedicação ou por servidão, por sua origem real ou comum, por uma noite ou por toda a vida, sabemos que as prostitutas sagradas eram muito numerosas. De acordo com Estrabão, nos templos de Afrodite em Érix e Corinto havia mais de mil.
No código de Hamurabi, uma legislação especial salvaguardava os direitos e o bom nome da prostituta sagrada; era protegida contra difamações, assim como seus filhos, através da mesma lei que preservava a reputação da mulher casada. Elas também gozavam do direito de herdar propriedades do pai e receber renda da terra trabalhada por seus irmãos.

MATA HARI

Mata Harinome artístico de Margaretha Geertruida Zelle, (Leeuwarden7 de agosto de 1876 — Vincennes15 de outubro de 1917) foi uma dançarina exótica dos Países Baixos acusada de espionagem que foi condenada à morte por fuzilamento, durante a Primeira Guerra Mundial.





Mata Hari era filha de um empresário com uma descendente de javaneses. No início do século XX, depois de uma tentativa fracassada de se tornar professora, um casamento igualmente fracassado e de ter dois filhos, ela se mudou para Paris. Ela posava como uma princesa javanesa e se tornou uma dançarina exótica. Seu pseudônimo Mata Hari quer dizer sol (mais literalmente "olho do dia") em malaio e língua indonésia. Ela também foi uma cortesã que teve casos amorosos com vários militares e políticos.






Participação na Primeira Guerra

Durante a guerra, Mata Hari dormiu com inúmeros oficiais, tanto franceses quanto alemães e se tornou um peão da intriga internacional, apesar dos historiadores nunca terem esclarecido com exatidão se ela fora realmente uma espiã, e se sim, quais eram as suas atividades como tal. Em 1917 ela foi a julgamento na França acusada de atuar como espiã e também como agente dupla para a Alemanha e França. Foi considerada culpada e no dia 15 de outubro do mesmo ano fuzilada.

Execução

Existem vários rumores em torno de sua execução. Um dos mais fantasiosos diz que os soldados do pelotão de fuzilamento tiveram de ser vendados para não sucumbir a seu charme. Outra história cita que Mata Hari jogou um beijo aos seus executores antes que começassem a disparar. Uma terceira versão diz que ela não só jogou um beijo, mas também abriu a túnica que vestia e morreu expondo o corpo completamente nu.
Há um último e mais complicado rumor (e ainda assim um dos mais persistentes): Mata Hari estaria estranhamente serena durante o fuzilamento. Teria aceitado uma dose de rum, mas se recusado a ser vendada ou amarrada a uma árvore. A explicação seria de que um jovem francês chamado Pierre de Morrisac pretendia enganar o pelotão de fuzilamento carregando suas armas com balas de festim. No entanto a armação falhou e as armas foram devidamente carregadas. Dificilmente essa história seria algo mais do que uma lenda, já que guarda uma semelhança suspeita com a popular ópera Tosca, criada por Puccini.


YouTube - Deva Premal - Tumare Darshan

YouTube - Deva Premal - Tumare Darshan: " "

HIPÁTIA


Hipátia (ou Hipácia) de Alexandria (em grego: Υπατία), matemática e filósofa neoplatônica, nascida aproximadamente em 355 e assassinada em 415.Hipátia era filha de Theon, um renomado filósofoastrônomomatemático, autor de diversas obras e professor em Alexandria.

Biografia

Criada em um ambiente de idéias e filosofia, tinha uma forte ligação com o pai, que lhe transmitiu, além de conhecimentos, a forte paixão pela busca de respostas para o desconhecido. Diz-se que ela, sob tutela e orientação paternas, submetia-se a uma rigorosa disciplina física, para atingir o ideal helênico de ter a mente sã em um corpo são.
Hipátia estudou na Academia de Alexandria, onde devorava conhecimento: matemáticaastronomiafilosofiareligiãopoesia e artes. Aoratória e a retórica também não foram descuidadas.
Quando adolescente, viajou para Atenas, para completar a educação na Academia Neoplatônica, onde não demorou a se destacar pelos esforços para unificar a matemática de Diofanto com o neoplatonismo de Amónio e Plotino, isto é, aplicando o raciocínio matemático ao conceito neoplatônico do Uno (mônada das mônadas).[1] Ao retornar, já havia um emprego esperando por ela em Alexandria: seria professora na Academia onde fizera a maior parte dos estudos, ocupando a cadeira que fora de Plotino. Aos 30 anos já era diretora da Academia, sendo muitas as obras que escreveu nesse período.
Um dos seus alunos foi o notável filósofo Sinésio de Cirene (370 - 413), que lhe escrevia freqüentemente, pedindo-lhe conselhos. Através destas cartas, sabemos que Hipátia desenvolveu alguns instrumentos usados na Física e na Astronomia, entre os quais o hidrômetro.[2]
Sabemos também que desenvolveu estudos sobre a Álgebra de Diofanto ("Sobre o Cânon Astronômico de Diofanto"), tendo escrito um tratado sobre o assunto, além de comentários sobre os matemáticos clássicos, incluindo Ptolomeu. Em parceria com o pai, escreveu um tratado sobre Euclides.
Ficou famosa por ser uma grande solucionadora de problemas. Matemáticos confusos, com algum problema em especial, escreviam-lhe pedindo uma solução. E ela raramente os desapontava. Obcecada pelo processo de demonstração lógica, quando lhe perguntavam porque jamais se casara, respondia que já era casada com a verdade.[3]
Hipátia por Rafael
O seu fim trágico se desenhou a partir de 412, quando Cirilo foi nomeado Patriarca [4] de Alexandria. Ele era um cristão intransigente, que lutou toda a vida defendendo a ortodoxia da Igreja e combatendo as heresias, sobretudo o Nestorianismo. Acredita-se que tenha sido o principal responsável pela morte de Hipátia, ainda que não haja nenhuma prova inequívoca disso.

Intolerância e fanatismo

O reinado de Teodósio (379-392) marca o auge de um processo de transformação do Cristianismo, da condição de religião intolerada para religião intolerante. Em 391, atendendo pedido do então Patriarca de Alexandria, Teófilo, ele autorizou a destruição do Templo de Serápis, um vasto santuário pagão onde eram praticados sacrifícios de animais , segundo as crónicas dos historiadores contemporâneos Sozomeno e Tiranio Rufino.[5]
Embora a legislação de 393 procurasse coibir distúrbios, surtos de violência popular entre cristãos e judeus tornaram-se cada vez mais frequentes em Alexandria, principalmente após a ascensão de Cirilo ao Patriarcado. Devido a esses distúrbios, entre os quais se contam diversos ataques a igrejas cristãs, os judeus acabaram por ser expulsos da cidade.

A morte trágica de Hipátia

De acordo com o relato de Sócrates, o Escolástico [6], numa tarde de março de 415, quando regressava do Museu, Hipátia foi atacada em plena rua por uma turba de cristãos enfurecidos. Ela foi golpeada, desnudada e arrastada pelas ruas da cidade até uma igreja. No interior do templo, foi cruelmente torturada até a morte, tendo o corpo dilacerado por conchas de ostras (ou cacos de cerâmica, segundo outra versão). Depois de morta, o corpo foi lançado a uma fogueira.
Segundo o mesmo historiador, tudo isto aconteceu pouco tempo depois de Orestes, prefeito da cidade, ter ordenado a execução de um monge cristão chamado Amónio, acto que enfureceu o bispo Cirilo e seus correlegionários.[7] Devido à influência política que Hipátia exercia sobre o prefeito, é bastante provável que os fiéis de Cirilo a tivessem escolhido como uma espécie de alvo de retaliação para vingar a morte do monge.
De qualquer modo, é importante contextualizar o brutal homicídio da filósofa neoplatônica no conturbado ambiente social e político que se vivia nos séculos IV e V d.C. Neste período em que a população de Alexandria era conhecida pelo seu carácter extremamente violento, não espanta que Jorge de Capadócia (m.361) e Protério (m.457), dois bispos cristãos, tenham sofrido um destino muito similar ao de Hipátia: o primeiro foi atado a um camelo, esquartejado e os seus restos queimados; o segundo arrastado pelas ruas e atirado ao fogo.[8]
No entanto, a eventual relação de Cirilo com o ocorrido continua a ser motivo de alguma controvérsia entre os historiadores. Embora Sócrates e Edward Gibbon afirmem que o episódio trouxe opróbrio para a Igreja de Alexandria, não mencionam qualquer envolvimento directo do patriarca.[9] O filósofo pagão Damáscio, por sua vez, atribui explicitamente o assassinato ao patriarca, que invejaria Hipátia.[10] Contudo, a Enciclopédia Católica lembra que Damáscio escreveu cerca de um século depois dos factos e que os seus escritos manifestam um certo pendor anticristão.[11] As últimas pesquisas crêem que o homicído de Hipátia resultou do conflito de duas facções cristãs: uma mais moderada, ao lado de Orestes, e outra mais rígida, seguidora de Cirilo.[12]

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Citações sobre Hipátia

"Havia em Alexandria uma mulher chamada Hipátia, filha do filósofo Theon, que fez tantas realizações em literatura e ciência que ultrapassou todos os filósofos da época. Tendo progredido na escola de Platão e Plotino, ela explicava os princípios da filosofia a quem a ouvisse, e muitos vinham de longe receber os ensinamentos."
  • Descrição da morte de Hipátia, pelo historiador Edward Gibbon:
"Num dia fatal, na estação sagrada da Quaresma, Hipácia foi arrancada da carruagem, teve as roupas rasgadas e foi arrastada nua para a igreja. Lá foi desumanamente massacrada pelas mãos de Pedro, o Leitor, e a horda de fanáticos selvagens. A carne foi esfolada dos ossos com ostras afiadas, e os membros, ainda palpitantes, foram atirados às chamas".
"Hipátia distinguiu-se na matemática, na astronomia, na física e foi ainda responsável pela escola de filosofia neoplatônica - uma extraordinária diversificação de atividades para qualquer pessoa daquela época. Nasceu em Alexandria em 370. Numa época em que as mulheres tinham poucas oportunidades e eram tratadas como objetos, Hipátia moveu-se livremente e sem problemas nos domínios que pertenciam tradicionalmente aos homens. Segundo todos os testemunhos, era de grande beleza. Tinha muitos pretendentes mas rejeitou todas as propostas de casamento. A Alexandria do tempo de Hipátia - então desde há muito sob o domínio romano - era uma cidade onde se vivia sob grande pressão. A escravidão tinha retirado à civilização clássica a sua vitalidade, a Igreja Cristã consolidava-se e tentava dominar a influência e a cultura pagãs."
  • Hesíquio, o hebreu, aluno de Hipátia:
"Vestida com o manto dos filósofos, abrindo caminho no meio da cidade, explicava publicamente os escritos de Platão e de Aristóteles, ou de qualquer filósofo a todos os que quisessem ouvi-la… Os magistrados costumavam consultá-la em primeiro lugar para administração dos assuntos da cidade".
"Meu coração deseja a presença de vosso divino espírito que mais do que tudo poderia adoçar minha amarga sorte. Oh minha mãe, minha irmã, mestre e benfeitora minha! Minha alma está triste. Mata-me a lembrança de meus filhos perdidos… Quando receber notícias tuas e souber, como espero, que estás mais feliz do que eu, aliviar-se-ão pelo menos a metade de minhas dores".

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