PENSAMENTOS, DEVANEIOS E INQUIETAÇÕES

CRÔNICAS DO COTIDIANO, DO PONTO DE VISTA FEMININO,ARTÍSTICO, FILOSÓFICO, EMOCIONAL E SOCIOLÓGICO.

QUEM SOU EU...

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São Paulo, SP, Brazil
SOCIÓLOGA,HISTORIADORA, EDUCADORA E ARTISTA PLÁSTICA. Sou buscadora e curiosa por natureza. Sou bruxa, sem poções e crendices infundadas, observo e me integro à terra e aos seus movimentos. Amo a vida, os animais, plantas e a natureza. Solitária por vocação, pois nela busco forças e encontro repouso. Avessa aos ritos impostos e às convenções sociais, procuro a minha verdade. Sou arisca e desprezo dogmas, eles são a perdição da humanidade. Sou humana e falível. Busco o melhor de cada crença. deletando as manipulações. Amo o silêncio, a força da natureza e o equilíbrio cósmico, acho que sou inqualificável... Sou real e palpável, mas também sei ser etérea e indecifrável, se me convier. Amo o conhecimento, o mistério, as brumas da sensibilidade. Se quiser me conhecer melhor, siga-me...

BEM VINDOS!!!!!!

Sintam se à vontade nesse pequeno espaço onde compartilho minhas idéias, pensamentos, denuncio injustiças, lanço questionamentos, principalmente em relação ao universo feminino e toda a sua complexidade.
Minhas postagens são resultados de pesquisas na internet, caso houver algum artigo sem os devidos crédito, por favor me notifiquem para que eu possa corrigir uma eventual falta.
Obrigada por sua visita.

09 outubro, 2010

A PROSTITUIÇÃO NA HISTÓRIA



Tome nota


Prostituição em váriosmomentos da história
2 000 a.C. - UMA DE CADA LADO
A separação social entre esposas e prostitutas é tão antiga quanto a própria atividade. Já na Suméria, códigos de conduta limitam os direitos das prostitutas
1 100 a.C - VESTINDO A CARAPUÇA
Os assírios proibem o uso de véu. Em 1351, um ato impõe o uso de capuz “para que saibam de que classe elas são”. Em 1535, o rei inglês Henrique VIII cria uma identificação mais eficaz: ordena que os rostos sejam queimados com ferro
400 a.C. - NATURALIDADE
Sexo e erotismo são encarados de forma muito natural pelos romanos. Sem moralismos, a sociedade encarava a prostituição como uma profissão comum durante o Império Romano
Século 5 - A IGREJA NÃO GOSTA
A Igreja Católica transforma em pecado todas as formas de prazer e limita o sexo ao casamento. As prostitutas passam a ser excomungadas e os homens são instruídos a se manter bem longe delas
Século 12 - SEM DIREITOS
Juristas franceses preparam as primeiras leis sobre prostituição, negando às mulheres direitos básicos como testemunhar em tribunais. O código de leis da Normandia foi mais longe e legalizou o estupro de prostitutas
Século 12 - DINHEIRO NO BOLSO
O rei Henrique II baixou um decreto dizendo que a Igrejapoderia explorar comercialmente os bordéis de algumas cidades inglesas. Foi esse dinheiro que ergueu centenas de igrejas pela Inglaterra
Século 15 - FAÇA O QUE EU FALO...
A Igreja continua sua obsessão contra prostitutas, o que não impede os homens do clero de transformar mosteiros em locais bem pouco cristãos
Século 16 - NO COMBATE
Nem leis nem apelos religiosos. A única arma eficiente contra a prostituição são as doenças sexualmente transmissíveis – um fato que não mudou muito. O aparecimento da sífilis na Europa traz uma onda de aversão contra a atividade
Século 18 - REVOLUÇÃO SEXUAL
A revolução industrial faz da prostituição uma atividade tentadora. Nas fábricas, as jornadas de trabalho são desumanas e os salários, miseráveis. A cafetinagem se torna uma opção de vida para os homens
Século 19 - A CIÊNCIA COMPROVA
O médico alemão Lippert faz uma descrição física das prostitutas: olhos penetrantes, cabelo escasso e voz rouca, “característica fisiológica da mulher que perdeu suas funções próprias – aquelas da mãe”. Era a ciência procurando explicações para a prostituição
Século 19 - REGRAS, REGRAS E MAIS REGRAS
Mulheres começam a ser controladas, registradas e obrigadas a passar por exames médicos regulares. Uma corrente abolicionista surge nessa época e espera que prostitutas se arrependam e assumam uma “vida digna”
Século 20 - LEVANTANDO A VOZ
Prostitutas começam a se organizar. Já não estão dispostas a deixar que outros decidam o que é melhor para elas. Hoje existem dezenas de grupos e associações em todo o mundo que lutam pelos direitos de mulheres que vendem serviços sexuais

Prostituição infantil

Menores estão no meio da briga entrelegalização e proibição
Os grupos que lutam pelo fim da prostituição têm um argumento forte a seu favor: a necessidade de liquidar com os casos envolvendo menores de idade. Segundo a Polícia Rodoviária Federal, existem 650 pontos de prostituição infantil nas estradas brasileiras. A CPI da prostituição infantil, que teve início em 2003, registrou 800 mil casos do crime. E um documento da Unicef estima que pelo menos 2 milhões de crianças são exploradas sexualmente no mundo.
Os números são apenas estimativas e, provavelmente, muito abaixo da realidade. Afinal, contabilizar um mercado ilegal é sempre mais complicado. E é exatamente esse o argumento dos defensores da legalização. “Prostitutas foram aliadas importantes na campanha pelo uso de camisinha. Tenho certeza de que agiriam da mesma forma contra a prostituição infantil”, afirma Fernando Gabeira, autor do projeto de lei que propõe aregulamentação da atividade no Brasil. Para ele, as leis de mercado ajudariam nas denúncias: menores têm muitas vantagens para conseguir clientes.
“Não há nenhuma dúvida sobre a criminalidade da prostituição infantil. Aliás, de qualquer trabalho infantil”, diz a americana Cheryl Overs, da Rede Internacional de Trabalhadores do Sexo. “O que defendemos é a legalização da atividade por indivíduos que optam por ela.” Parece uma diferença clara, mas tem muita gente dizendo que não é. As organizações que lutam pelo fim da prostituição estimam que a idade média para que uma garota comece a se prostituir é 13 anos. “É impossível pensar em prostituição voluntária. A maioria entra para a atividade tão nova que ainda não está preparada para fazer escolhas”, diz a psiquiatra Judith Herman. “E uma vez na prostituição é muito difícil sair. A maioria das garotas se torna viciada em bebidas e drogas, é ameaçada por cafetões e sofre de traumas profundos”, afirma.

Para saber mais

Na livraria:
As Prostitutas na História - Nickie Roberts, Rosa dos Tempos, Rio de Janeiro, 1998
Prostitution: Power and Freedom - Julia O’Connel Davidson, The University of Michigan Press, EUA, 1998

O SEXO NA HISTÓRIA


Rapidinhas:  o sexo na história

Aprecie dez momentos da relação humana com o sexo

É difícil de imaginar, mas as posições sexuais e a escolha das pessoas que levamos para a cama têm história de milhares de anos. Os tabus de hoje foram construídos aos poucos. O comportamento sexual de cada época mostra como as sociedades antigas pensavam e como o sexo foi influenciado por mudanças sociais.
Século 5 a.C. - Salada grega
Os gregos estabeleceram o conceito da virgindade: Ártemis era a deusa virgem. Nos desenhos da época, as mulheres só apareciam em posição submissa. O homossexualismo era explícito e as prostitutas eram consideradas sagradas.
Século 1 - Vale quase tudo
O homossexualismo entre homens era visto com naturalidade em Roma, mas o sexo oral era tabu, assim como o lesbianismo. Como na Grécia, era comum ter um símbolo fálico decorando a casa. Escravos prestavam favores sexuais a seus senhores.
315 - Culpa cristã
Na Roma cristã, o celibato passou a ser pregado. O teólogo Santo Agostinho (354-431) passou a considerar o sexo como maldito, coisa demoníaca. Mas as relações entre pessoas de mesmo sexo ainda levariam séculos até ser recriminadas.
Século 10 - Monogamia
Impulsionado pelo cristianismo e pela vida de pequenas comunidades no campo, o conceito demonogamia se difundiu. Na Idade Média, relações de incesto entre irmãos, comuns durante muito tempo, passam a ser cada vez mais proibidas.
Século 13 - Gays na mira
Foi só no século 13 que os homossexuais viraram alvo da Igreja Católica. O frade e teólogo Tomás deAquino (1227-1274) viu o comportamento gay como um ato contra a natureza humana – e que era, portanto, condenável por Deus.
1900 - O sexo de Freud
Para o psiquiatra Sigmund Freud, a lembrança de experiências sexuais e a repressão seriam a causa de problemas psicológicos. A culpa desliga-se do sexo.
1948 - Relatório Kinsey
O zoólogo Alfred Kinsey mostrou que a heterossexualidade monogâmica era uma de oito formas de comportamento sexual dos homens – outras incluíam poligamia e zoofilia. Suas conclusões chocaram, mas lançaram a idéia de que, no sexo, é normal ser diferente.
Década de 60 - Conquistas
Amor livre, sexo sem culpa, prazer feminino, camisinha, pílula anticoncepcional, sex shops e revistas pornôs. Tudo isso é conquista da década.
1981 - Fim da liberação
A revolução sexual durou até quando o medo bateu à porta com a aids, doença sexualmente transmissível. Doentes eram relacionados a gays, prostitutas ou dependentes de drogas. No início, ter aids era visto como sinônimo de vida promíscua.
Século 21 - Fim de tabus
Já no fim do século 20, novo avanço: homens de qualquer idade passaram a ter a ereção garantida com o Viagra. Além disso, a camisinha feminina é mais difundida. Seu desenho, porém, não agrada as mulheres. Em 2007, um novo (e estranho, vai) design surge.
Fonte: Aventuras na História

Polacas



Polacas


As ruas de grandes cidades como São Paulo e Rio de Janeiro acostumaram-se a receber um grupo de mulheres que, por quase um século, prostituiu-se. Nascidas no Leste Europeu – e, por isso, conhecidas aqui como “polacas” –, elas eram judias, pobres, sem dote para um bom casamento e quase sempre analfabetas. Saíram de seus países fugidas, com medo das ondas de anti-semitismo. Sem perspectivas, acabaram recrutadas por cafetões. O relato mais antigo da chegada das polacas por aqui data de 1867 e o documento menciona a chegada ao porto do Rio de 104 “meretrizes estrangeiras” – dessas, 67 ficaram e 37 seguiram para Argentina.
A história das polacas foi esquecida. Primeiro porque não tinham sucessoras. Depois porque sempre foram discriminadas – inclusive pela sociedade judaica brasileira da época, que não permitia a elas nem um enterro digno. A maior parte das polacas está enterrada em cemitérios construídos por associações que fundaram no Brasil, como o Cemitério Israelita de Inhaúma, no Rio. Expressões usadas pelas polacas judias deram origem a palavras hoje muito populares no Brasil. Quando suspeitavam que um cliente tinha doença venérea, diziam ein krenke (“doença”, em iídiche), que acabou se transformando em “encrenca”. E, quando a polícia dava incertas nos bordéis, elas gritavam sacana (“polícia”) – que virou “sacanagem”.



(Na foto, de Augusto Malta, uma polaca e sua escrava)

Recomendação do dia: O livro "Baile de Máscaras: mulheres judias e prostituição - As polacas e suas associações de ajuda mútua", ed.Imago, onde Beatriz Kushnir faz uma brilhante pesquisa sobre o mundo privado de mulheres tidas como públicas




GUILHERME SIMÕES




RIO DE JANEIRO, BRAZIL
Professor da E.M.Paraguai 

EUFRÁSIA TEIXEIRA LEITE, PROFISSÃO: MILIONÁRIA


Eufrásia Teixeira Leite (Vassouras1850 — Rio de Janeiro1930) foi uma investidora financeira e benemérita brasileira. Deixou em testamento uma fortuna que poderia comprar 1.850 quilos de ouro em preços da época, cuja maior parte foi legada a instituições assistenciais e educacionais da cidade de Vassouras.


A família de seu avô paterno já era muito rica quando mudou-s


e de Conceição da Barra de Minas para Vassouras. Seu pai e seu tio barão de Vassouras se estabeleceram como capitalistas, fundando, no Rio de Janeiro, a empresa "Casa Teixeira Leite & Sobrinhos", que emprestava dinheiro a juros e realizava intermediações financeiras com os prósperos fazendeiros de café. Por outro lado, a família de sua mãe era composta somente por ricos plantadores de caféEra filha caçula do dr. Joaquim José Teixeira Leite e Ana Esméria Correia e Castro, neta paterna do barão de Itambé, neta materna do barão de Campo Belo, sobrinha do barão de VassoAuras e sobrinha-neta do barão de Aiuruoca. Tinha uma única irmã, Francisca Bernardina Teixeira Leite

, e um irmão que morreu na infancia.




Recebeu uma educação aristocrática na escola de moças de madame Grivet que existia na localidade de Comércio, hoje Sebastião LacerdaVassouras. Além do ensino básico, aprendeu boas maneiras, a falar fluentemente o francês e a tocar piano.


Partida para a Europa

Na época, a região de Vassouras entrava em decadência devido ao esgotamento do solo e envelhecimento dos escravos, mas os bens das irmãs não eram fazendas de café; possuíam apólices de títulos da Dívida Pública do Empréstimo Nacional de 1868, ações do Banco do Brasil, depósitos bancários, títulos de crédito de pessoas, apenas 12 escravos, uma casa no Rio de Janeiro e uma grande propriedade urbana em Vassouras, atualmente conhecida como Casa da Hera ou Chácara da Hera, onde residiam com seus pais.Eufrásia e sua irmã herdaram, em 1872, com a morte de seus pais, a fortuna de 767:937$876 réis (767 contos, novecentos e trinta e sete mil, oitocentos e setenta e seis réis), o que equivalia na época à dotação pessoal do imperador D. Pedro II ou a 5% das exportações brasileiras. Logo depois, em 1873, morreu sua avó, a baronesa de Campo Belo, e as irmãs receberam mais 106:848$886 (cento e seis contos, oitocentos e quarenta e oito mil e oitocentos e oitenta e seis réis) que lhes cabia como parte da herança, na forma de títulos, débito bancário e escravos, que logo foram vendidos.
Jovens e solteiras, as irmãs venderam ações, títulos e a casa do Rio de Janeiro, cobraram créditos, alforriaram os escravos, fecharam a casa da chácara com dois empregados incumbidos de sua conservação e partiram, em 1873, para residir em Paris.


Romance com Joaquim Nabuco

Quando viajou para a Europa, conheceu no navio o diplomata Joaquim Nabuco e iniciou um namoro com ele. As cartas amorosas que recebeu de Joaquim Nabuco foram, diz a tradição, por expressas instruções dela, encerradas em seu caixão mortuário. Já as cartas e bilhetes que enviou a Joaquim Nabuco, estão guardadas no Instituto Joaquim Nabuco de Pesquisas Sociais, em Recife. Algumas sugerem que algo muito íntimo, para além dos padrões da época, ocorreu entre os dois.Eufrásia, além de inteligente e hábil com negócios, foi uma mulher muito bela, como mostram diversos quadros e retratos.


A maior parte do namoro ocorreu na Europa, onde Eufrásia tinha interesses financeiros e mundanos. Joaquim Nabuco, porém, tinha ambições políticas no Brasil, de modo que não conseguiram concretizar o relacionamento. O romance durou de 1873 até 1887, quando Eufrásia remeteu a última carta para Joaquim Nabuco, dois anos antes de ele se casar com outra.

Vida na Europa

Instalou-se em Paris, residindo depois de 1884 com a irmã em um hôtel particulier de cinco andares, na rue Bassano 40, 8º arrondissement, próximo ao Arco do Triunfo, endereço sofisticado até os dias atuais. As irmãs viviam uma vida recatada, mas participavam da vida social parisiense. Eufrásia integrou o círculo das amizades mais próximas da Princesa Isabel, quando esta estava já no exílio na França.Eufrásia tinha o espírito empresarial da família e investiu sua fortuna e a da irmã em vários países europeus, comprando ações de empresas que produziam as novas tecnologias da segunda Revolução Industrial e participando da internacionalização de capitais que ocorria na época. Consta ter sido a primeira mulher a entrar no recinto da Bolsa de Valores de Paris.
Sua irmã, Francisca Bernardina, tinha uma séria deformação na bacia e morreu em 1899, em Paris, sem ter casado. Assim, Eufrásia herdou também a fortuna da irmã.
Entre 1874 e 1928 veio somente duas vezes ao Brasil. Viajou pelo mundo. Viu a Primeira Guerra Mundial na Europa e lamentou os danos causados aos prédios.

Retorno e Morte no Brasil

Viveu seus últimos anos no Rio de Janeiro em um apartamento em Copacabana, cercada de empregados fiéis, excêntrica e solitária. Queria retornar para Paris, mas tinha problemas renais que a impediram de viajar.Retornou definitivamente para o Brasil em 1928 e passou temporadas na Casa da Hera em Vassouras. Mantinha-se quase como reclusa, tanto que até comprou, em 1924, a chácara Dr. Calvet, ao lado da chácara da Hera, apenas para manter longe os vizinhos.
Sem "descendentes nem ascendentes", seu primeiro testamento legava toda sua fortuna para o Instituto das Missionárias do Sagrado Coração de Jesus, instituição católica com sede em Roma, na Itália, mas que geria diversos estabelecimentos de instrução no Brasil. Um segundo testamento, feito as vésperas de sua morte, legou praticamente toda sua fortuna para obras de caridade a serem realizadas por instituições da cidade de Vassouras.
Foi enterrada no Rio de Janeiro, mas, posteriormente, os seus ossos foram exumados e enterrados no mausoléu de seu avô, o primeiro barão de Itambé, em Vassouras. O local não tem lápide indicativa de onde estão seus ossos.

Disputas Judiciais

No dia da sua morte, um primo distante de Eufrásia, Antônio José Fernandes Júnior, praticamente furtou o original do seu testamento da cabeceira da sua cama a fim de evitar que ele fosse extraviado pelos outros parentes.
Foram nomeados quatro inventariantes para o espólio de Eufrásia, porém um logo morreu e outro pediu para que se retirasse seu nome. Restaram apenas os irmãos Antônio José Fernandes Júnior, que inventariou os bens do Brasil, e Raul Fernandes, que inventariou os bens do exterior.
O testamento foi contestado judicialmente pelas primas Umbelina Teixeira Leite dos Santos Silva, baronesa de São Geraldo, Cristina Teixeira Leite d´Escragnolle Taunay, viscondessa de Taunay, e Francisca Teixeira Leite Brhuns. A elas juntaram-se outros primos do lado paterno de Eufrásia, representados por advogados que também eram da família Teixeira Leite. Os advogados destes herdeiros deserdados alegaram a insanidade de Eufrásia devido a "uma moléstia crônica [de rins (sic)], de natureza gravíssima, que se veio processando com lentidão, aniquilando a paciente não só fisicamente como também mentalmente". Entretanto, as cartas que Eufrásia escreveu pessoalmente nos meses antes de morrer provam que ela se mantinha, aos 80 anos, completamente lúcida e ainda gerindo seus negócios.
Os herdeiros da família Teixeira Leite foram judicialmente derrotados pelos inventariantes, os irmãos Antonio José e Raul Fernandes, que eram advogados, em um confronto que durou seis anos.
Em agosto de 1937, quando os herdeiros deserdados da família Teixeira Leite tentaram reabrir o processo judicial de impugnação do testamento, a população de Vassouras revoltou-se, fechou o comércio, cercou o fórum durante as audiências e ameaçou os advogados. A polícia foi chamada pelo juiz, mas o delegado disse que os policiais tinham saído da cidade. Os advogados fugiram pelos fundos do fórum e os incidentes pararam, felizmente, aí. Um decreto presidencial, feito em plena ditadura de Getúlio Vargas, regulou que em todos casos somente podiam herdar os parentes colaterais até segundo grau, o que então calou parte dos herdeiros deserdados.
Apesar disto, os primos do lado materno, os Correa e Castro, conseguiram obter uma parte da herança alegando o testamento de D. Ana Esméria, a mãe de Eufrásia, feito em 1872. Segundo este, se Eufrásia e a irmã morressem solteiras e sem filhos, uma parte dos bens de D. Ana Esméria anexados à herança das filhas deveria passar para algumas de suas sobrinhas. Com isto, a Justiça decidiu pela distribuição de valores da herança de Eufrásia para os inúmeros herdeiros descendentes destas primas Correa e Castro.
Durante mais de vinte anos, os irmãos Antônio José e Raul Fernandes atuaram como testamenteiros. O documento resultante abrange 30 volumes de manuscritos que estão depositados no Centro de Documentação Histórica de Vassouras.

Inventário da Herança

O espólio tinha um valor estimado em 37 milhões de réis, o que poderia comprar 1.850 quilos de ouro na época. A maior parte eram ações de 297 empresas em dez países diferentes, além de títulos de dívidas de governos. Partes menores eram a casa em Paris (que na época valia 2 milhões de francos e atualmente valeria mais de 10 milhões de euros) e um loteamento de 49 terrenos na atual rua Pompeu Loureiro em plena época de crescimento imobiliário de Copacabana. O menos valioso dos bens imóveis legados foi provavelmente a Casa da Hera, com seus móveis, decoração e utensílios domésticos, avaliada em 96:700$000 (noventa e seis contos e setecentos mil réis), cuja área tinha sido aumentada com a compra da chácara Dr. Calvet, avaliada em 44:050$000 (quarenta e quatro contos e cinquenta mil réis).A fortuna que Eufrásia tinha herdado dos pais, da avó e da irmã tinha crescido muito com seus investimentos, apesar da grande depressão de 1929 e das perdas com empresas russas confiscadas pela revolução comunista de 1917. Era tão grande que o atestado de óbito de Eufrásia registra que exercia a profissão de "milionária".


Herdeiros

Os principais herdeiros de Eufrásia foram a Santa Casa de Misericórdia de Vassouras, o Instituto das Missionárias do Sagrado Coração e o Colégio Salesiano de Santa Rosa de Niterói. Os dois últimos deveriam fundar dois colégios para meninas e meninos pobres, cada um mantendo cinqüenta órfãs e órfãos, e outros estudantes pagantes. O Colégio Salesiano de Santa Rosa de Niterói recusou a incumbência e sua parte, conforme o testamento, foi passada para a Santa Casa de Misericórdia de Vassouras.
Valores menores foram legados para a Fundação Osvaldo Cruz, o agente de Eufrásia em Paris, alguns primos, empregados domésticos, além de dinheiro em espécie para os pobres de Vassouras e para os mendigos que moravam na rua em que residiu em Paris..
As cartas que enviava para seus empregados mostram que eram bastante autoritária e detalhista nos seus pedidos, mas que, entretanto, pagava a todos muito bem. Todos os seus empregados receberam boas doações em vida ou legados no seu testamento. Para um ex-escravo, doou em vida uma casa no Rio de Janeiro. A filha deste escravo, Cecília Bonfim, que também foi sua empregada, afilhada e herdeira, repetiu o seu gesto e deixou um testamento legando seu bens aos pobres de Vassouras.

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Resultados da Herança

Nos terrenos deixados por Eufrásia em Vassouras foram construídos o Instituto Feminino para moças pobres, o colégio Regina Coeli para moças, o SENAI, o atual Fórum, delegacia e muitos outros prédios. O Hospital Eufrásia Teixeira Leite foi construído com os recursos que legou.
O testamento de Eufrásia tem várias exigências que prejudicaram o atingimento dos seus objetivos devido a fatos posteriores imprevisíveis. Todos os bens foram legados sob cláusulas de inalienabilidade e da insubrogabilidade que deviam protegê-los. Os valores obtidos com as vendas das ações foram aplicados em apólices do Tesouro Nacional, cujos juros deveriam financiar as instituições criadas como o Instituto Feminino e o hospital. Entretanto, a hiperinflação brasileira destruiu o valor original das apólices do Tesouro Nacional. Como resultado, a Santa Casa de Misericórdia de Vassouras e o Hospital Eufrásia Teixeira Leite passam hoje por séria crise financeira.
Uma das cláusulas do testamento de Eufrásia pedia "conservar a Chácara da Hera com tudo que nela existisse no mesmo estado de conservação, não podendo ocupar ou permitir que fosse ocupada por outros". Assim, a residência construída por seus pais em Vassouras é hoje o Museu Casa da Hera, considerado o melhor exemplo preservado de habitação urbana de famílias ricas do vale do Paraíba do Sul no século XIX.

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