Morgana das Fadas
A bruxa. A meia-irmã de Arthur. Morgana das Fadas. Aquela que tentou por dezenas de vezes atrapalhar o caminho de Arthur na sucessão do trono; na construção da Távola Redonda. Em grandes batalhas ou individuais; seja na perda da bainha da espada Excalibur ou na conspiração, com Mordred seu filho, para trazer a intriga na corte com o romance entre Lancelot e Guinevere. Com tantos aspectos negativos, qual a importância de Morgana nessa história de glória e triunfo?
Umas das mais importantes. O de nêmesis de Arthur, a vilã. O mal com um nome próprio, o adversário que nos segue sem cessar até o fim de nossos dias, não para triunfar sobre nossas cabeças, mas justamente para nos por à prova, e podermos encarar o desafio seguinte. Bastava que os motivos pelos quais a aventura apresentava-se a Arthur sob condições mágicas desfavoráveis, e o nome Morgana era logo lembrado. O povo a tinha como a maior, e ao mesmo tempo, mais dramática inimiga: Morgana tinha contra si todos os fatores. Era uma bruxa, ou seja, fugia da normalidade dos inimigos de Arthur; era mulher, o que colocava os ideais de cavalaria em posição delicada a quem resolvesse enfrentá-la. E finamente, era parente próxima de Arthur, que a venerava. No início sua jornada, custou a acreditar que sua própria irmã pudesse se levantar contra ele: mesmo assim, vitória após vitória, ainda recusava-se a acreditar de imediato na participação direta da irmã em um assunto.
Se pararmos e analisarmos seus motivos, o assunto fica ainda mais interessante. Existem várias hipóteses, porém a mais apreciada por todos é o motivo de inveja.
Segundo relatos – principalmente os de Mallory – Morgana é retratada como uma mulher estranha, de beleza duvidosa e altamente inteligente. Em verdade, este contém o mesmo arquétipo usado por Merlin, pois o herói não pode contar dentro de seu ser com a beleza e a inteligência; assim, levando em conta que nem todos no mundo podem ser incrivelmente belos; a inteligência serve como contrapeso na balança e é o motivo básico para um tipo de atitude. O que Mallory e muitos escritores talvez jamais perceberam é que, tal a popularidade de Arthur – um homem de formação do povo em meio a tantos talentosos cavaleiros, superiores até a ele – era a popularidade de Morgana, pois sua forma de vencer seus limites era também uma lição de vida para muitos.
Voltando à infância. Você era escalado para jogar futebol, se não mostrasse aptidão com a bola logo no início, você era rapidamente descartado. Inapto para os esportes físicos, o gosto e o desenvolvimento pelos esportes intelectuais (xadrez, gamão, ludo, etc.) passaram a ser uma alternativa, ou simplesmente não desenvolver esporte algum. Podemos não ser bons em tudo; mas com certeza somos eficientes em alguma coisa. Desenvolvemos essas aptidões conforme a necessidade.
Vejamos o caso de Morgana. Não possuía estatura nem desenvoltura para apenas casar e ser mais uma senhora de castelo. Contemplou o seu futuro e o futuro de Arthur, e viu o desequilíbrio. Sua inteligência fora o contrapeso, e dessa forma começou a disputa de força entre ela e Arthur. A bruxaria, outro aspecto importante, retrata a outra realidade do povo da Bretanha – pois muitas das antigas tribos eram pagãs, com rituais de fogo e lua, dedicados à mãe-terra, enquanto Arthur carregava uma bandeira de ideal cristão. Não era de se admirar que, muitos dos que acompanhavam as aventuras do rei Arthur contra a sua irmã Morgana, tomasse o partido dela – talvez tenha nascido ali, uma forma curiosa de admiração, hoje muito freqüente: a de torcer pelos vilões da história... Quando Arthur tomou posse de Excalibur e sua bainha, Morgana ficou apavorada: ter uma espada de tamanho valor já era uma vantagem inimaginável, mas uma proteção que impedia de perder uma gota de sangue sequer era algo sem limites. Usando de sua influência e astúcia, ela tentou e tentou... Até, que num momento de descuido de Arthur ela apossou-se do artefato, mas perdendo-o durante uma perseguição dentro de um pântano. Assim, despojando Arthur de uma peça do conjunto, Morgana equilibrou a balança mais uma vez. Para o rei, embora a perda fosse significativa, ainda assim aprendera com o desejo e triunfara, como haveria de fazê-lo com várias outras ocasiões.
Mas, se Arthur, triunfara, Morgana necessariamente falhava? A resposta é não.
Como podemos obter sucesso em nossa vidas? Será, que basta lermos vários livros deste tipo ou até mais conceituados, e dois meses depois o sucesso baterá à nossa porta, chamando por nós? Claro que não, a receita ainda continua sendo tentar, e tentar, e tentar... Não somente com acertos, mas principalmente com os erros, e mantendo nossa auto-estima encontramos forças para prosseguir. Tal como Morgana e Arthur, todos na vida precisam de um oponente declarado para vencermos e observarmos nossos resultados. Infelizmente, há algum tempo o mundo vem sendo acometido do sentimento de auto-piedade, o que tem levado muitas pessoas capacitadas a sentar, procurarem uma melhor maneira de enfrentar seus problemas, mas invariavelmente acabam tendo medo do fracasso e sequer tentam, nunca saindo do lugar, enferrujando suas espadas dentro da bainha.
O mais importante inimigo a ser vencido é o inimigo interior. Vencer nossas próprias resistência, tentar e aprender com as tentativas é algo que sempre nos acompanhará. Nosso receio não é nosso maior inimigo, mas o maior aliado de todos, se controlado a nosso favor.
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mais sobre morgana....
Morgana era a irmã mais velha de Arthur. Filha de Igraine e Gorlois da Cornualha. Ela foi criada em Avalon como uma sacerdotisa, segundo as ambições de Viviane, sua tia, Morgana seria a próxima Senhora de Avalon, pois tinha a linhagem real e era muito aplicada à Deusa e aos seus ensinamentos. Mas, depois da Cerimônia do Gamo-Rei, onde Morgana foi dada ao seu irmão Arthur em nome da deusa, ela se aborreceu com Viviane e com o que foi obrigada a fazer e abandonou Avalon. Foi morar com Morgause (sua tia) e depois foi para a corte de seu irmão.
Morgana também era apaixonada por Lancelot, mas este nunca a quis por ela ser sua prima e por ver em Morgana sua mãe Viviane. Morgana armou o casamento de Lancelot, e, com isso, afastou-o de Guinevere se vingando de tudo que sofrera até então. Morgana teve um filho (Gwydion ou Mordred) com o rei Arthur, que depois de muito tempo voltou para Camelot e se tornou o conselheiro de Arthur até virar o grande herdeiro do trono depois da morte do filho de Lancelot.
Morgana foi expulsa de Camelot depois de roubar a bainha mágica de Excalibur e jogá-la no lago sagrado. Morgana não concordava com a transformação de Camelot num reino cristão e lutou com todas as suas forças para derrubar Arthur do poder. Ela fracassou em todas as tentativas dessa sua luta pessoal e perdeu com isso a amizade dos poucos que gostavam dela.
Acolon, um consorte dela, morreu tentando derrubar o rei para Morgana, isso a deixou muito abalada e fez com que ela se exilasse em Avalon para a eternidade. Morgana morreu velha em Avalon que se perdeu para sempre nas brumas.
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